O HOMEM

Contemplando a singela beleza

Que o sol nos revela ao se pôr,

Só aumenta a minha certeza

De que Deus criou tudo com amor.

Deus criou a terra perfeita,

Fez o homem do pó deste chão

E a maior beleza que enfeita

Ele fez da costela de Adão,

Deu ao homem um paraíso

Para o homem viver sossegado,

Mas, o homem criando juízo

Foi buscar seu prazer no pecado.

O homem sempre foi ruim

Desde o inicio da criação,

A inveja dominou Caim

E Caim matou seu irmão.

Os quatro cantos da terra

Se cobriram de ganância e maldade,

O homem promove a guerra

Se esquecendo da fraternidade.

Daquele paraíso de outrora

Só resta mesmo a serpente,

Que se arrasta pelo mundo afora,

Sempre dando picadas na gente.

Os grandes oprimem os pequenos,

Lhes roubando a dignidade,

Cada vez mais, se espalha o veneno

Que aos poucos destrói a verdade.

Vejo o amor lânguido, caído,

Como folhas no atroz outono,

Isto deixa meu peito ferido

E rouba minhas noites de sono,

O homem não consegue sentir

A dor que aflige um irmão

E não pode tampouco ouvir

A quem pede um pedaço de pão.

Tem criança chorando de fome,

Inocente pedindo clemência,

A ganância aos poucos consome

Com o resto da benevolência.

Onde sempre começou a vida

(No ventre de uma mulher)

Hoje a morte está sendo inserida

Abortando o filho que não quer,

A esperança se arrasta por terra,

O bem está bem desfalcado,

Dando por perdida a guerra,

Seus soldados mudaram de lado.

A arma de quem inda luta

É o amor, mas não tem munição,

É cruel e injusta a disputa,

Todo o sangue que jorra é em vão.

O mesmo povo que escolheu errado

Há mais de dois milênios atrás,

Ainda quer Jesus crucificado,

Ainda grita: _Solte Barrabás!

A juventude perdeu o caminho,

Se farta com o mel do pecado,

Pisa na flor e exalta o espinho

Conduzindo-se ao rumo errado;

Para a menina e para o menino

O sexo virou lazer,

Um sublime presente divino

Resumido num fugaz prazer.

Menores se prostituindo

Trocam o corpo por entorpecentes,

É a maldade que vai desferindo

Os seus golpes nos adolescentes.

Os jovens não sabem amar,

A mulher virou objeto,

Só se fala "pegar e ficar",

O abstrato supera o concreto.

Tem criança parindo criança,

É a vida se desordenando,

É o mundo perdendo a esperança,

É o bem que vai se calando,

A experiência e também a virtude,

Ambas perderam o reinado,

Aos olhos dessa juventude,

Quem pensa é "careta, é quadrado".

Privado da árvore da vida,

Condenado à cruel punição,

O homem não tem mais saída,

Seu pecado não tem mais perdão,

Buscando em coisas banais

A fórmula da felicidade,

Cada vez se aprofunda mais

Na lama da imoralidade,

Se acha muito inteligente,

Destruindo o que Deus criou,

Ceifando o amor na semente,

Matando na cruz quem amou,

Zombando de quem tem humildade,

Destruindo o verde da terra,

Se orgulha da própria maldade,

Até brinda ao sangue da guerra.

A semente do bem não germina

E o mal continua a vencer,

Se acredita em destino e sina

E ninguém faz nada pra crescer.

A política (arma poderosa

Para resolver os problemas da nação)

Usada de forma inescrupulosa

Só alimenta a corrupção.

A renda é mal distribuída,

O povo está passando fome,

A nação cada vez mais falida,

O dinheiro parece que some.

Nas promessas o povo se ilude

(São as mesmas a cada eleição)

Até o dinheiro da saúde

Eles gastam sem explicação,

Nas filas dos hospitais

Pessoas morrem sem atendimento,

Infelizmente são fatos reais

Que ocorrem a todo o momento.

Não investem na educação,

Esqueceram da nossa cultura,

Só se fala em pagar “mensalão”,

A roubalheira não tem mais altura.

Quando a mídia (nossa aliada)

Mostra o roubo ao Brasil inteiro,

Eles julgam, mas só de fachada,

Pois ninguém devolve o dinheiro,

O governo diz que não sabia

E quem paga a conta é o povo,

Absolvem um, o outro renuncia

E depois candidata de novo.

Na justiça não tem mais quem creia,

É um monte de letras em vão,

Sendo rico não vai pra cadeia,

Tendo dinheiro não tem punição,

Mas se a fome obriga um coitado

A andar meio fora da linha,

Ele é preso e até torturado,

Se for pego roubando galinha.

Discriminam o pobre, o negro,

O gay e a prostituta,

Sem escola e até sem emprego

Como podem seguir nesta luta?

O pequeno paga a conta

De quem não tem competência,

Enquanto o rico apronta

O pobre luta com decência,

Ninguém consegue ser feliz

Com tantos erros sobre a terra,

O trânsito deste país

Mata mais gente que a guerra,

Os condutores e as condutoras

São multados sem piedade,

Mas ninguém impõe às montadoras

Um limite de velocidade,

Esbanjando tecnologia,

Fazem carros cada vez mais velozes,

Que entre os buracos da rodovia,

Se transformam em armas atrozes.

São tantos buracos na estrada

Que nem sei com o que eu comparo,

Passa o tempo e ninguém muda nada,

Só o pedágio que fica mais caro.

O homem se entrega à vaidade

Se esquecendo do valor da vida,

Na taça da modernidade

Pouco a pouco a morte é servida,

Seus alimentos são envenenados,

Se escraviza na própria virtude,

Ingerindo os seus enlatados

Vai aos poucos perdendo a saúde,

Transforma geneticamente

As plantas e os animais,

Acredita ser tão inteligente

Que se esquece que somos mortais.

A palavra de Deus é pisada

Como um lixo da modernidade,

Para fins lucrativos usada

Pondo em risco a religiosidade.

A igreja foi modificada,

Comercializa a religião,

Vende a palavra sagrada

Em programas de televisão,

Vai perdendo a credibilidade,

Ficando cada vez mais vazia,

O símbolo de luz e verdade

Hoje é casa de idolatria.

O dinheiro domina a terra,

Faz a lei nos cinco continentes,

Por petróleo o homem faz guerra,

Sem sequer pensar nos inocentes,

Destrói com a maior frieza,

Em tudo quer pôr o nariz,

Destroçou a nossa natureza

Esmagando do caule à raiz...

Poluiu a atmosfera,

Derrubou nossa mata florida,

Com pouco esta grande esfera

Não será mais propícia pra vida.

A água símbolo da vida,

Sem a qual não podemos viver,

A que resta hoje é poluída

Tem que ser tratada pra beber.

A mata ciliar derrubada

Faz com que a água se desapareça.

O homem afia a espada

E decepa a própria cabeça!

A natureza está respondendo

Às constantes e cruéis agressões:

Os tufões, a terra tremendo,

Tempestades e até furacões.

Já está declarada a guerra

Entre o homem e a natureza,

O que resta em cima da terra

Vai chegar ao fim com certeza.

Mas em meio tanta maldade,

Ainda resta a suave esperança,

Quando vejo inocência e verdade

No sorriso de uma criança.

Vamos agarrar neste fio

Que une a vida ao amor,

Não deixando que o mundo hostil

Subjuguem e lhes tire o valor.

Embora muito se tenha perdido

Ainda resta pelo que lutar,

Não podemos nos dar por vencidos,

Ainda ouço a vida gritar.

Diante desse sol quase posto,

Com a certeza de mais um dia terminado,

Só me resta uma lágrima no rosto

E o desejo de um mundo mudado,

Só a força de Deus é capaz

De cobrir de verde os desertos,

Quem um dia lutou pela paz

Morreu com os braços abertos.

O que posso dizer hoje em dia

Sobre o sangue de um ser sem pecado,

Sobre o punhal que atravessou Maria

Quando viu Jesus crucificado,

Sobre Judas que se vendo perdido

À sua própria covardia se entregou,

Sobre Pilatos que sendo coagido,

Entregou Jesus e as mãos, lavou,

Sobre um homem que foi condenado,

Cujo erro que fez foi amar,

Sobre o amor que foi ressuscitado,

Ou sobre Tomé que não quis acreditar?

Eu só sei que o mal foi vencido

Pelo bem, aos pés duma cruz,

E acredito que este mundo perdido

Ainda vai encontrar sua luz.

José Marcos Pinto
Enviado por José Marcos Pinto em 26/04/2016
Reeditado em 26/04/2016
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