Marcos Lupino
Morreu o menino! Morreu pronto o menino!
Logo o menino que era dado grande louco!
Esse menino era aquele Marcos Lupino
Que de tanto gritar viveu sua vida rouco!
A vila toda admirava o seu desatino,
Mas às escondidas, em público era pouco.
Lamentam em silêncio as almas em silêncio
Agora a morte do Lupino que morreu,
Ninguém mais ousará dar outro tão imenso
Grito como aquele que o finado um dia deu.
Aquele que ousasse seria muito aplaudido
Mas só pelas costas; pela frente, ferido.
Lupino fora o grande herói dos camponeses,
Ele uivou para a lua onde os Deuses pisaram.
Encarou Marte nos olhos e em fúria aos deuses
Denunciou agressivo: "Vocês os mataram!"
Mas o povo, surpreso, gritou ofendido
- Está louco o Lupino! Está enlouquecido!
Morreu o menino! Morreu pronto o menino!
Pronto para morrer, desistido da vida!
Pobre Lupino, de tanto vaiado em vida
Morreu sem conhecer a sua fama, o menino.
Pobre Lupino que nenhum deus mau matou.
Ele morreu porque seu povo se virou.
Ele foi um homem, um menino vencido,
Com uma medalha ao seu lado, no caixão.
Pela vida ele já fora um dia apaixonado,
Hoje está morto, picaram seu coração.
Tudo que Lupino sente no lado esquerdo
São os vermes que moram em seu coração.
24/4/2016