Apocalipse de um Amanhã que já se Foi
Depois do arrebol e da estrela primeva
cessou o canto diurno da natureza
mas, inaugurou a noite o curiango
com trinados estridentes arrepiantes
como as guitarras esquecidas do passado
que são repetições na minha vitrola
de rifes marcantes e bemóis de poemas
que surgem com fantasmas de Hendrix
nas vielas dos desertos de Morrison
com peiote e cactos adjacentes
como as viagens psicodélicas de Jim
lendo as páginas de Aldous Huxley
e adentrando as portas da percepção
que Castañeda singrou as chaves
daquelas fechaduras de Ixtlan
onde o mestre Juan de Sonora
hermetificou todos os segredos
do infinito inacabado
mas, Pan foi cinzelada no Éden
no âmago de uma maçã chilena
e, depois Adão adormeceu
esperando frutificar os frutos
que naquele amanhã frutificariam
até os confins do mundo
sacrificando o pecado no sangue de Abel
que morreu para nascer a poesia.