SEM-TETO
Meu lar eram teus olhos,
onde eu me via melhor.
Meu abrigo, as tuas mãos,
que apascentavam perigos,
domesticavam receios,
pacificavam segredos.
Minha casa era o teu peito,
amplo refúgio e abrigo,
portas que se abriam
para salões imensos,
janelas abertas sobre o grande vale.
Tudo estava lá,
completo.
Por isso, o desamparo,
a chuva, a ventania,
essa ausência de tudo,
esse deserto.