NA ORDEM DOS BRUXOS
NA ORDEM DOS BRUXOS
As baratas de Kafka apontam
meu caminho
não caminho sozinho
caminho variado
em cruz ilhadas fervendo
de enxofre
ainda sentado ainda dormindo
na porta de entrada
agora aberta bestas confessas
gritam meu nome
diga-me o nome do seu ídolo
por que usa esta mácula
dos doentes no pescoço
Porque a forca do anjo-adivinho
Quem ele protege
Quem te protege
Quer ver a mulher que agoniza
Quer ver a mulher aflita
Quer ver a mulher divina
Quer ver qual destino
Está desenhando sozinho
Passos dobrando de altura
Perto muito perto
Posso sentir meu inferno
Respirando agora
Perto da porta
Tem um coração pulsando
Flores abrindo
Gotas do néctar caindo
Como mel derramado
Como pétalas sendo elas
teu gosto vertendo
me aproxima
a loucura é uma fissura
da fome tramada
estou sedento estou cedendo
não li as “ordens” nos quadros
pintados
haveria códigos nas telas
desaparecidas
eram meus sonhos
era minha busca
por ela
estava cega a verdade
a verdade é meu ponto fraco
mudo de olhos fechados
adentro na sala iluminada
pelo sol acima
vitrais desenhados
pelas aberturas na parede
brilhavam no altar
onde ela sentada
abria suas pernas
abria sua boca
erguia seus olhos
enguia seus olhos
olhava-me louca solicita
vou poupar tua vida
me entregue sua alma!
MUSICA DE LEITURA: TY SEGALL - CONNECTION MAN