SHAKESPEARE, AURORA E CARVÃO

Qualquer coisa se revela,

É como a existência que te pega,

Por mais que haja teima no que segue,

A vontade ingênua de se propagar,

ainda que seja leve!

Esperneando em busca do brilho de estar,

Aurora que se vai, grande prova, do acabar.

Rumo ao carvão tudo se apaga,

A luz se falha.

Como se entende, um dia após dia,

Até o freio final pós cinza, alivia.

Sem brilho, escuro gélido,

Nada mais se admite, é sério.

E um ponto é indefinido,

Que seja...A existência do sido.

Pega a poesia e faz dela este sonho,

Porque o eterno já é intangível, enfadonho.

Enquanto isso, não penso nisso,

Penso em você,

Sobrevivo, Penso ainda...

A última peça de Shakespeare,

Então é isso, o mundo inventado,

É o mesmo mundo vivido, bem amado.

E lá no final quem estiver,

Não dura muito, eh!

Porque o nada se revela,

Para que se indignar?

Segue o jogo.

Quem sonhou fica para sempre,

Pois tudo se vai de repente.

Louco é pensar em sempre estar,

Até ficar sozinho gritando:

Não pode ser o fim...

Deixa-me encontrar a multidão,

Longe do fantasma da solidão,

ficar sozinho é pesadelo,

Entre o real e o apelo!

Omar Botelho
Enviado por Omar Botelho em 22/04/2016
Reeditado em 26/05/2016
Código do texto: T5613379
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