SHAKESPEARE, AURORA E CARVÃO
Qualquer coisa se revela,
É como a existência que te pega,
Por mais que haja teima no que segue,
A vontade ingênua de se propagar,
ainda que seja leve!
Esperneando em busca do brilho de estar,
Aurora que se vai, grande prova, do acabar.
Rumo ao carvão tudo se apaga,
A luz se falha.
Como se entende, um dia após dia,
Até o freio final pós cinza, alivia.
Sem brilho, escuro gélido,
Nada mais se admite, é sério.
E um ponto é indefinido,
Que seja...A existência do sido.
Pega a poesia e faz dela este sonho,
Porque o eterno já é intangível, enfadonho.
Enquanto isso, não penso nisso,
Penso em você,
Sobrevivo, Penso ainda...
A última peça de Shakespeare,
Então é isso, o mundo inventado,
É o mesmo mundo vivido, bem amado.
E lá no final quem estiver,
Não dura muito, eh!
Porque o nada se revela,
Para que se indignar?
Segue o jogo.
Quem sonhou fica para sempre,
Pois tudo se vai de repente.
Louco é pensar em sempre estar,
Até ficar sozinho gritando:
Não pode ser o fim...
Deixa-me encontrar a multidão,
Longe do fantasma da solidão,
ficar sozinho é pesadelo,
Entre o real e o apelo!