dar de ombro
O vazio
Não se dizia
Pelas coisas
Nem pelos gestos
Sequer pelo abraço
Pela saudade
Que nos cortava
Como o açougueiro
A carne; e não se pronunciava
Pelo voo da passarada,
O vazio não era algo
Que o verbo tocava
Era algo mais do espaço
Onde as coisas comportavam
Não era sabido pelo pai
Nem pela mãe
Nem da região, os sábios;
Nem o poder engravatado;
Quem quisesse saber do vazio
Tinha mais era que dar
De ombro para as coisas que existem