Ceifeiro
Quando olho no espelho,
já não vejo mais beleza.
Talvez eu até tenha,
mas foi ofuscada pela tristeza.
Meus olhos refletem lembranças,
que eu pensei que tinham sumido.
Minha boca regurgita meus medos,
que por anos eu tinha fugido.
O reflexo de uma menina,
cortada pelas lâminas do tempo.
Que torce para que um dia às lembranças,
voem por aí com o vento.
Mas mesmo assim arrisco reencontrá-las,
enquanto o sopro da vida em mim permanecer.
Por isso hoje torço para que o ceifeiro me procure,
e me traga à paz que eu sempre quis ter.
Venha ceifeiro,
me tire desse mundo de hipocrisias.
Pois já não encontro conforto,
nem mesmo nas minhas poesias.
Venha ceifeiro, estou aqui te esperando,
recitando, amando,
e espero que por pouco tempo...
respirando!