desperto

A esta hora

Quase noite,

Dia desfeito, passou

E não viu, enfurnado

No emprego seguro,

a noite penetra tua pele

E te aquece o corpo,

Não sabe quantas

Noites já te estrangulou

Quantas mortes já te aconteceu,

E tua saudades, junto com a noite,

Claro que não viria em outra hora,

Te adormece, te enlouquece,

Te deixa tonto, amortecido,

Mas nada disso pode contar,

Sequer gritar, gritar e parecer o

Que, sabe-se lá o que vão falar,

tem que te fazer

De bom moço, da coisa ordeira

Que não se debruça na vulgaridade,

A noite chega e te cala, a vida passa

E te cala, tua palavra não sabe a textura,

Da tua boca, a quentura de tua garganta,

Tudo isso, como um trator de tortura todo,

E te cala.

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Não sei fluir

No concreto

nem em corpos desertos

Também

Na casa alheia

Gosto

Do campo aberto

Na corredeira das pedras e

Fazer o que der na teia

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 20/04/2016
Reeditado em 20/04/2016
Código do texto: T5611023
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