NA ORDEM DOS BRUXOS
NA ORDEM DOS BRUXOS
O que transportava arte
Nos olhos frisos de ciência
era um corredor escuro
sem luzes
havia “cruzes” falsas desenhadas
no passeio de tábuas soltas
o continuo a frente
o lado contrário de onde venho
um desenho de seis fugas de luz
um pêndulo fincado o meio
brilhava
estava surdo
a sineta argola de porta
ouvia-me mais do que ouvia
pelo vibrato sentido
de meus ossos tremendo
desespero de forças
um tom macabro
no horizonte à esquerda
riscado na parede
como veias artérias escorrendo
algo escuro sem aroma
o que era altivo e mágico
o trágico cômico pintado
não havia nem mesmo sombra
sobra minha sombra
frente à porta fechada
letras douradas mudando
formando outro nome
confuso disforme informe
obscuro sensação de espasmo
coração palpita
mente abanando vento
olhando o chão
olhando a contramão
de tudo em volta
do que era antes
moveu-se sozinho
morreu minha certeza
minha pureza rígida
uniformizada
a calma de pose
a alma doce
coberta de toda razão
que razão tinha
eu vinha me encontrar
com o “grande larápio
das cavernas antigas”
temendo o cardápio
que poderia ser
eu nas jazidas de esqueletos
entre crânios perfurados
ajoelhados rezando
segurando suas joias
sentado diante da vidraça
perto do forro
claro sobre o escuro
reflete no tapete
desenhos tramados do oriente
nas figuras aladas voando
sobre o fogo
o que estava de trás
para frente
envolvia-me profundo
“ela vem com o sol
poderá abrir” ...