O vento e eu

No cerrado o vento me dá medo

Uiva entre as folhas ressequidas

Numa melancolia de vazio enredo

Trazendo nos braços desmedidas

Canções, de solidão e de degredo

Em tal desconforto invento poetar

Num vagido que me faz um aedo

Pra acalmar o medo neste cantar

E nesta canção surge o alvoredo

Que invade as lembranças do mar

Então fico vagando na imaginação

E o vento empoeirado roubando vai

A vida que era só em consignação

Agora compõe saudades e não sai

De um extraviado neste árido chão

Então, o vento e eu, suspiros atrai...

Aqui no sertão!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

16/04/2016, 05'30" - Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 16/04/2016
Reeditado em 02/11/2019
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