DESABAFO ( ESCRITO COM O FÍGADO )

DESABAFO ( ESCRITO COM O FÍGADO )

Tartamudeiam

Entre o sim e o não

Vendedores de ilusão

A esquerda e a direita

E também os que não tem mão

Quiçá direção

E a manada

Desenfreada

Corre abestada

Para a proa

Para a popa

Desgovernada

Como nunca dantes

Na não história deste país

Que amarela

Que verdeja

Que avermelha

Mas sobretudo acinzenta

O porvir

Descolorido

Dolorido

Sobretudo aos menores

Que ao sabor dos ventos

Respirarão tempestades

Mentiras virarão verdades

Verdades virarão inverdades

E na terra arrasada

Pela ignomínia

Restará apenas

Uma esmola pelo amor

Do adeus

Ao que seria expectativa de vida

E passará a ser de morte

De falta de sorte

De nascer num lugar

Em que não se aprende a amar

Apenas usar e descartar

Sem possível reciclagem

Apenas lixo

Sempre prolixo

Num enredo que se repete

Em emoção em afã

Sem razão sempre anã

Deseducada

Duradoura em sua inutilidade

Fala a verdade

Que merda somos

Momos

Reis de blocos de sujos

Sabujos

Dos canhotos

Dos direitos

Dos sem deveres

Do hoje do amanhã

Do sempre inacabado

Que nunca será completo

Pois não há amanhã

Por falta de ontem

Vida erguida em areia movediça

Instável para sustentar castelos

De lama

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 16/04/2016
Reeditado em 16/04/2016
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