AS ONDAS




Fervilha no que resta das entranhas
Da coisa mais que morta e envilecida
A profusão de larvas e barganhas -
Consome em gosto torpe a já vencida
Carcaça do que há pouco tinha vida.
 
Desvia o olhar se o estômago sensível
Confessa aqui revolta pela ofensa
Que a indignidade que lhe acena, horrível,
Assume abjeta a mente mais propensa
Às aflições que preço algum compensa.
 
O brilho dessas coisas irrequietas
E gordas flutuando nos seus sumos
Remete às ondas de praias secretas,
Idílicas, paisagens prediletas
Do que perece, errático em seus rumos.
 
Entende, entanto, o horror que em seus apelos
Apenas cumpre a lei da natureza.
Vazia de si mesma a coisa preza
Por ciclos nessa urgência de sabê-los
Anúncio de imperativos mais belos. 




.

 
Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 14/04/2016
Código do texto: T5604792
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.