Tercetos
Madrugada, o galo canta, alvorada
O cerrado desperta na sua agonia
O sol amanhece na infinita quebrada
E eu aqui, cochilando melancolia
A escuridão entalhando forma
E a vida destrancando a portaria
O vento inicia sua musical norma
Sem esperar que desperte a aurora
E incógnitas vozes no silêncio enforma
É noite ainda, e breu há lá por fora
O café já está preparando a pitança
O ócio sonolento não quer ir embora
Como se exilar deste leito de criança
Que dá colo, aconchego, mansidão
Faz poetar, da saudade e lembrança
Madrugada, o galo canta, desperta coração!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15/04/2016, 05'05" - Cerrado goiano