CARÊNCIAS
CARÊNCIAS
As classes rabiscadas
raivas amores brincando
nas dores da tábua velha
rancores de memória
eu também tive um amor
dando-me espelhos riscos
frisos de sabores invisíveis
escritos a faca no pelo duro
de uma madeira assistida
queria-me dizer sobre
as fibras dentro da saia
a saia estava molhada
viscosa de sabor quente
queria tocar minhas pernas
saber o que escondo
que via saindo
toda vez que ela ia
devagar subindo
caminhando nas escadas
do outro prédio vizinho
onde não estudava
nenhum outro menino
desenhava corações cortados
riscava ao meio
no meio partia pros lados
deferia seus olhos felinos
boca cerrada
rosto inflamado de palavras
vindas com o desejo
deslizava sua mão
arranhando suas pernas
caso acima calor envolvendo
quase um segundo antes do gozo
segurei seu braço
adaga de lápis atirava ao chão
busque as letras perdidas
agora poucos sabem de tudo
pode ver outro mundo
dormindo cansado do mesmo
quero entrar no covil dos cães
seja o primeiro digno guerreiro
que veio matar
a sede da fome que minto
entre lençóis tapetes sofás
desespero de cantar
sozinha toda matina
de cinema sonhado
meus dedos cansados
de escrever
a devassidão do corpo
deve nascer pra morrer
dentro de você
em qualquer lugar
seja em qualquer lugar
desabo
o lápis foi tomado de anseios
logo que levanto
ela havia saído correndo
porta fechado da sala
todos na sala vivendo
do mundo no quadro
o mundo de quatro
pertencia apenas a mim mesmo
eis o cão faminto
sentindo o cheiro da virgem pela janela
ela andava sobre o muro me olhando
entre os divertidos
que comem frutas sem medo
estava eu fausto falso
na armadura de lata...
...”o homem de lata
é o sentimento que não aflora”!
MÚSICA DE LEITURA: The Wytches - Crying Clown