O PASSAPORTE
Para a aniversariante
Katia Matos Ienny,
com o meu carinho.
O PASSAPORTE
Lembra, ora, festeja,
ó filho de Francisco!
O passaporte cintilante que os anjos carregam
vem assinalado em líricas rubricas de Chico Xavier e Tarsila do Amaral.
No calendário religioso de outrora das campinas em nova aurora,
eis na fenda da temporalidade espiritual
o tempo dos tempos em que o grão deve ser semeado.
Amparada pelo Anjo das Artes,
ela germina luzes, imagens e cores,
e traz ao mundo a pequena Tarsila,
a princesinha d’oeste.
É o presente que nos destes,
uma menina campestre,
pura vida no intenso verde da clorofila é Tarsila!
Lembra, ora, festeja,
ó filho de Francisco!
No outono as primaveras
da filha do Canto das Cigarras.
Ó filho de Francisco,
narra em letras e diz o segredo para fazer
Iohanan vitorioso e tão rútila menina!
Decerto ela conjuga o verbo flor: ele flor, ela flor, nós flores...
Por certo, a que cultua a autora de outrora
atuou poetizando arte-manhas
e dando formas ao indizível,
se durante horas semeia e amarra cores,
noutrora restaurou tonalidades visíveis sem fim,
para fazer o azul do dia quinto útil,
para fazer nascer enfim a Flor-de-Abril.
Sílvio Medeiros
Campinas, é outono de 2016.