FALTA DE CANTEIROS

Virou terra seca e sulcada em cicatrizes

Profundas e escuras, como a noite dos cegos

Nada de pele as cobre nem sangue vaza

Minguou o folgado e voluntarioso sorriso

Perdido na poeira da sanha a arder nos olhos

Apenas agudas pedras de atiradeira

Certeiras lâminas restaram em suas mãos

Tão doces outrora, finas de seda pura

Em profundas e inatingíveis grotas dormem

A tez suave e macia crispou-se seca

Onde jazem as lições de semear flores

Diga-me agora, mostre o paradeiro delas

Em que página do velho manual estão

Perderam-se todas na falta de canteiros

Não mais florescem pétalas neste chão

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 12/04/2016
Reeditado em 04/02/2022
Código do texto: T5603053
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