FALTA DE CANTEIROS
Virou terra seca e sulcada em cicatrizes
Profundas e escuras, como a noite dos cegos
Nada de pele as cobre nem sangue vaza
Minguou o folgado e voluntarioso sorriso
Perdido na poeira da sanha a arder nos olhos
Apenas agudas pedras de atiradeira
Certeiras lâminas restaram em suas mãos
Tão doces outrora, finas de seda pura
Em profundas e inatingíveis grotas dormem
A tez suave e macia crispou-se seca
Onde jazem as lições de semear flores
Diga-me agora, mostre o paradeiro delas
Em que página do velho manual estão
Perderam-se todas na falta de canteiros
Não mais florescem pétalas neste chão