tio

tio

Era natal ébrio cheio

de dedos nas finuras

de outro dia possível

descobri um presente

deixado na porta

sem endereço

num top amarelo

coberto de folhas

de um jornal do

ano que passou

dizia um nunca mais

queria te pedir algo

um sempre abraço

de fraterno impulso

a quem pudera

um dia ter me feito

feliz por um minuto

caindo sem nada

sem pra onde ir

quem procurar

sem forças do cantar

entre todos a volta

fazia-me de amigo

pra possuir destruir

minha fome maldita

ainda acreditava

que a miséria vinda

não foi querida

tinha dias para

partir sem volta

tinha vindo me avisar

sobre o descaso

deixar no frio

quem no frio saiu

um tempo do calor

de casa

pra dar plenitude

na alma invadida

de sonhos

risonhos livres momentos

são breves tão intensos

tão imensos

que podemos pensar

que existam...

...obrigado.