LAVANDA INGLEZA E ESQUECIMENTO


Se te amei?
Eu me lembro!
Pena não lembrares...

Lembro-me de ti
Quando entre outros pares,
Galante, me convidavas a dançar.
E eu, sem modo de ocultar,
Trêmula e emocionada,
Encostava meu rosto no teu
Só para sentir aquele perfume
(lavanda ingleza?)
Que me deixava inebriada,
Que me causava ciúme
Por sabê-lo dividido
No rosto e nas mãos
De alguma outra moça enamorada...
Eras o dono do meu coração
E eu me perdia em sonhos
Quando me dizias tua princesa.

Não fui a mulher
Com quem tiveste encontros,
Com quem te abraçaste
Ou tiraste gemidos do corpo...
Fui uma moça qualquer
Com quem tantas vezes dançaste,
Sem uma marca sequer,
Sem tatuar um nome
Nas tuas lembranças
De hoje ou de outrora...

A vida passou, tomou seu rumo,
Para mim,
Para ti...
Passou como um sopro,
Sem novo baile ou contradança.

Mas hoje eu te vi
Num banco de jardim.
Arte do acaso...
Chamei-te pelo nome,
Estendeste-me as mãos,
Mais velhas
Mas ainda perfumadas
(lavanda ingleza?)
Num tênue cumprimento.
Meu coração,
Feliz com tal surpresa,
Bebeu as palavras corriqueiras
Que disseste!

Entretanto,
(memória ceifadeira...)
Nem por um momento
Te lembraste
Desta senhora
Que um dia
Te amou tanto!



Conservou-se a grafia original do perfume antigo: Lavanda Ingleza

foto: Yun Photos



KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 11/07/2007
Reeditado em 18/05/2011
Código do texto: T560111
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.