MINHAS SEDES FARTAS

Tenho sede farta de gente

não de gente ferrolha, passada,

mas de gente fumegante, de beleza raiz,

de sonhos em esbanjamento.

Tenho sede farta de alma

não alma escorrida, descolorida, fugida,

mas alma de polvo, com tentáculos pra todo lado

respingando o que for de bom, o que for de luz.

Tenho sede farta de chegar lá

não um chegar lá por acaso, um passo sem mérito,

um sorriso sem remetente.

Mas um chegar de quatro pés, de certezas nada roucas,

de desejos ainda na casca, de certezas ainda a nascer.

Tenho sede farta de me reencontrar

não um reencontrar puído, rasgado, num abandono qualquer.

Mas um reencontrar graúdo, aninhado, amigo de fato.

Tenho sede farta de não morrer

não um não morrer incauto, surrado, esquisito

mas um não morrer despojado, arejado, nada escasso.

Tenho sede farta das palavras

não das palavras apenas ditas, apenas rédeas de uma frase,

mas das palavras que sejam pontiagudas, nunca domadas

para que as detenham em mim e façam delas meu achado,

meu cajado de luz, meu destino tão buscado

e por fim todo achado dentro da minha mão.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 10/04/2016
Reeditado em 10/04/2016
Código do texto: T5600837
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