FECHARAM-SE AS CORTINAS DO TEATRO
Fecharam-se as cortinas do teatro. De um lado, a platéia; de um outro, eu, o ator monólogo. Agora só há o vazio que preencheu o lugar que era da alegria, agora só há o silêncio que preencheu o lugar que era das gargalhadas e aplausos da claque.
Já é hora de tirar as vestes que me revestia e me fazia a personagem. Já é hora de voltar a ser eu. Mas quem sou eu? Sou um ser sem personagem fixo, ora sou um herói de mil heroísmos, ora sou um vilão de mil vilezas.
Com as cortinas abertas e diante da platéia, há uma personagem cheia de vida, alegre, sorridente e dançante a tal ponto de contagiar todo o ambiente. Com as cortinas fechadas, há eu, também personagem, mas de meu próprio teatro particular, onde eu mesmo sou a minha platéia de uma só pessoa. Personagem ferido, abatido e com uma lágrima coccínea maquiada no rosto.