DIGA LÁ SEU PREÇO

Estamos todos à venda

alguns por farelos de pão dormido

outros por uma carteira estufada

também outros por um teco de algo qualquer.

Nosso preço depende da paciência do dia

ou da impaciência tosca de alguém

mas está na nossa fuça em letras garrafais

diz quem somos antes do nosso bom dia.

Somos mercadorias nas estantes encardidas do tempo

esperando que o incauto comprador nos corteje

olhe pra gente com aquela volúpia dos abutres

nos vire do avesso querendo achar algum erro de produção

e mande embrulhar pra levar pra casa na mesma hora.

Cada um vale o que o mercador mandar

neste leilão não dá pra botar máscara, nem pintar os lábios

mostramos nosso cheiro rasgado pra quem quiser entrar

abrimos nossas escotilhas pro mundo se refastelar até sempre.

Diga lá quando valem seus olhos, suas juntas, seus músculos doídos

diga lá quanto vale cada quinhão de sangue, cada osso refugiado neste mundão sem dono,

diga lá quanto vale sua alma desafinada,

diga lá quanto vale aquela vida que deixou jogada num beco qualquer.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 09/04/2016
Código do texto: T5599474
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