À moça do Caixa
Cem reais a menos na minha conta
Apaixonada pelo conjunto que vinha tudo,
mas o penhoar tamanho M
ficou melhor em mim do que o P,
que apertava,
então trocando o P pelo M
fui mais feliz
fazendo o que não devia
bem no centro da loja Marisa
Pensei nos cem a menos que teria
enquanto ia ao caixa
No crachá tinha “Cláudia”,
mas na cara estava escrito outra coisa
Cláudia logo viu no pequeno computador
as peças,
já enjoada de manejá-lo todos os dias
a chatice exposta em cada centímetro do rosto dela
“Senhora as peças estão trocadas.”
-Não diga!
E ela, indignada,
pegando outro conjunto
julgando estar errado
sem me perguntar se eu o queria assim mesmo
Ela nunca vai na contramão, tem medo
De mulher pra mulher, senhorita,
são apenas roupas,
deixa eu levar o conjunto bagunçado mesmo,
que coisa!
Quando Cláudia tocava nos cabides
as peças gritavam “quem liga?”,
mas Cláudia não ouvia
Cláudia nunca ouve, nunca sai da rotina,
mas eu saí da loja Marisa
e me preferi bem distante
de Cláudia e suas manias
desde aquele dia em diante.