SAMAEL 12
SAMAEL 12
Um guardião despojado
de armas ficava de pronto
no alto de uma torre
olhando fixo o horizonte
mergulhado num transe de olhos
que brilhavam cor de lua
noite crua
parece a primeira vez
desce o ato da luz materna
que as coisas fazem sentido
perdendo misticismos estranhos
sentimento de marasmo
da agonia morta deixada de lado
momento de retidão
do espírito esperando o sol
como o dia pertence-me
outra vez claro operado
de flautas suaves
de pássaros entre nuvens
que não choram
voam voam revoam
caem do alto
simples fumaças de água
olhando o esmero da poética
de todo obscuro que governa
não existia nenhum outro ser
a não ser eu mesmo
insólito sólito sólido
povoado de visões das ilusões
de posse da alma
devaneios inverdades mesclas
de tudo que vi brotar
na estrada desmoronam
a torre uma árvore seca
de galhos góticos perdoava
minha loucura
havia um susto deixado
ao lado do tronco
como carta postada
recente
“o maior astuto entre os homens
na terra não soube
que a guerra podia ser
maior que todo
valor que entregava
de corpo pra dizer
que todos podiam ser iguais
amando-se
não somos iguais”
o que tenho por coragem
podia matar inocentes
crescendo na volição
das veias sem pulso
não poderei descer
vestido por dentro
como monge das descobertas
de um andarilho que sofre
devo preferir ver
quem mastiga lento
minha carne...
...o catre caído quebrado
estava possuído de lábios
e marcas de dentes cerrados
nem penas de longe
viam-se do resto
era indigesto pra Encarnus
que sua adaga continuava
empunhada sobre a mesa.
MUSICA DE LEITURA: SQÜRL - Funnel of love