UM LEVE SOPRO DE VENTO
Cumprido o secular ritmo das estações
as tardes inclinam-se lenta e melancolicamente
na luz cada vez mais breve, plúmbea e fria.
A natureza enrola-se e aquieta-se,
parece esconder-se do frio que a fustiga.
Mas nem todas as folhas caem das árvores:
algumas vestem-se de afinco e silêncio
e esperam a vinda dos pássaros e da lua cheia.
Solto um pássaro que esvoaça na palma do vento
pó de estrelas e carícias de luar...
E eis que um sussurro de sorrisos
vermelhos, amarelos e castanhos,
num langor de paz e calma, eleva-se no ar.
Sinto que a vida e sua brevidade
andam de mãos dadas,
presas a um leve sopro de vento,
com a eternidade...
© Ana Flor do Lácio