SAMAEL 11

SAMAEL 11

Três taças emborcadas

pingando chances

pegadas invocadas

andando sobre manchas

de vinho

descobrem o véu turbante

de uma musa enfeitada

logo acima no pedestal

coroado de rosas de plástico

decorando um funeral

esperando um funeral

de alguém de certo

no centro da tumba

não ninguém deitado

um catre de barro

das antigas memórias

do egito

um catre que do alto

se vê desenhado de formas

estranhas ao mundo

antigo

familiar norma de escrita

pra quem lê o que sabe

percebe o encontro

consigo

quando o mundo

torna um vácuo de fundo

tão próximo tão amigo

ela ainda dança macabra

me olhando encarando

o ser nublado de luz

surge empunhando adaga

na sombra branca

querendo entrega-la

meu medo transparece fino

menino doente da vida

o submundo pergunta

eu não sei responder

perdi meu corpo

“sou o poema dos olhos

do morto

sobre um chão em lamas”

o catre derrama

suando vermelho-sangue

pelas bordas da taça

qual desgraça recolhida

dorme sobre o símbolo

minha pureza quer

saber primeiro

quando não há certezas

o puro reza sobre túmulos

calados de verdade

querendo enxergar

não lembro das graças

do divino espírito

o rito se perde

junto ao que se vende

minha memória pertence

a sede do que verte sobre o chão

me chama

eu clamo pela chama

que acende no escuro

meu drama meu carma

há uma arma reluzindo

posso cortar tudo que sofre

o ataúde aberto é um livro

tem ditos marcados

na seda branca do tampo

aberto

“olhe o catre de argila escura

trazida dos vales

onde é perpétuo o fogo

onde não há inferno

tema pela vontade

do perigo

tome a “vinha de adão”

destrua o vento que uiva

desde que nasceu de novo”

minha mão te entrega

o destino do fraco...