Acalanto

Envolto em pensamentos antiquados,

olhar fixo no céu de Deus,

cabelos ao vento,

braços cruzados,

e só pensamento:

um adeus...

Estendido na relva, a olhar as estrelas e a lua tão bonita,

o luar acariciando-me o rosto,

embalado pela Terra de um modo esquisito,

quase tudo sem um gosto.

Sou triste. Não tenho alegria.

A noite me consola um pouco. Mas tenho medo do escuro.

Não posso desprezar o dia,

pois ele também me tem um carinho puro.

Durante o dia, não esqueço a noite...

À noite, não esqueço o dia...

De que adianta tentar alegrar o coração,

se de quando em quando

ouço uma triste canção?

Não adianta nada.

Continuo pensando...

Minha mente já está cansada.

Fui triste.

Sou triste.

Talvez continue triste.

Minha distração é escrever.

Verso triste, verso revoltoso...

E só porque fiz um verso bom de ler,

me chamaram de poeta...

(Poema escrito em 19/08/1975, aos 17 anos de idade)

Maurício Apolinário
Enviado por Maurício Apolinário em 02/04/2016
Código do texto: T5592818
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