A reinvenção da pintura
A partir da reinvenção de Summer Interior, de Edward Hopper
Retirar o corpo da pintura
tornando vazio o quarto
encheu o ambiente de espera
abrindo ainda mais a janela
revelada pela figura plana
de feixes de luz refletidos no chão.
A janela que não se via
aproximava os olhos do longínquo.
A solidão no ambiente
adornado com pequenas esculturas
[impotentes para o movimento]
testemunhava o desespero do relógio pelo transcurso do tempo.
Mas a coberta magnificamente esticada sobre a cama,
com a ponta levemente dobrada,
convidaria um outro corpo a se descobrir,
deslocando a luz do ambiente
para os corredores cinzas.
A lareira apagada
acenderia o gozo de encontrar
n'outro plano
corpos se amando no chão
de um campo de girassóis...
Uma nítida reinvenção
do amarelo ocre
das paredes que guardavam a cena.