À Deriva do Meu Coração
Estou à deriva sem embarcação,
Sem os instrumentos de navegação,
Sem sequer saber para qual direção,
Sem ter como tomar qualquer decisão.
Estou à deriva sem ouvir sua voz,
Sem alivio do sofrimento atroz.
Sem saber se o mar será meu algoz
Sem salvação. A noite chega veloz.
Estou à deriva sem notícias suas
Sem entender, nossas almas são duas.
Sem que nossas almas se mostrem tão nuas
Sem querer, minhas palavras são duras.
Estou à deriva. Longe do meu bem!
Sem saber se ela está com alguém
sem poder dizer: “Bom dia, tudo bem?”
Sem vir dar-lhe prazer na noite também
Estou à deriva na vida, sem ter paz
Sem ouvir sua voz que me apraz
Sem seu carinho que me satisfaz
Sem seu afeto que me torna capaz
Estou à deriva, socorro meu amor.
Sem esperança para nós, que terror...
Sem cura efetiva para essa dor
Sem saber quando terá fim esse horror.
Estou à deriva, no meio do mar...
Sem um porto onde eu possa aportar
Sem abraços onde eu possa descansar
Sem me prender no sentido de amar
Estou à deriva, na sala secreta.
Sem musa, sou homem, mas não poeta.
Sem inspiração a mente aquieta,
Sem medo, agora estou à deriva!