Apanhador do cerrado

Uso o meu olhar para apanhar o cerrado

As palavras tortas compõem o mato crivado

De cascas grossas, cascalhos e céu estrelado

O chão na temporada de sequia, é maltratado

Os jatobás fatigados tão firmes como as perobas

Rodeiam os pequizeiros, tão "bãos" como as guarirobas

Cheiro forte sabor da terra, como as doces gabirobas

Entendo bem o sotaque é o povo deste chão

Sou daqui, tenho respeito a toda esta tradição

Povo das sucupiras, flores rasteiras e abelhas arapuá

Tudo aqui tem força, tem suor, é aqui, é acolá

Assim como a magia do canto da seriema e do sabia

Deste cerrado místico, torto, certo e errado, sempre a brotar

Que o tal desencanto encanta o poeta no poetar

Este quintal que é o maior do mundo, que faz sonhar

Me faz ser apanhador do cerrado, no meu versar.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado

30/03/2016, 22'22" – Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 30/03/2016
Reeditado em 02/11/2019
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