Épico
Na garganta um gosto de morte,
a sorte selada espanta,
a santa espada dá o corte,
e a corte do rei se levanta.
Adentra o guerreiro no inferno,
no inverno desfaz-se a presença,
a crença é o oposto do verbo,
o eterno é depois da nascença.
Noutra esfera espreita o diabo,
no rabo a imensa cratera,
Quimera com fogo no ‘naso’,
o acaso surgiu noutra era.
O anjo cai nas profundezas,
suas asas ecoam um canto,
um flanco se abre na mesa,
da Alteza se vê o espanto.
Gladiam o anjo e o diabo,
o rabo e a espada agitam,
viriam perecer ao cabo
diabo e quimera num grito.
O príncipe volta à casa
– asa do anjo partícipe –,
princípio é o troco de nada,
a espada é desde o início.