Se, conscientemente, eu me lembrasse de tudo,
Nunca deixaria de ser criança.
A ciranda do tempo brinca com a vida, plena e maravilhosa
Mente
Teria quebrado mais vidraças com a bola de capão,
Continuaria sentindo o cheiro de terra no vão dos paralelepípedos,
Iria à igreja, mesmo contrariado, pelas santas mãos de minha mãe,
Choraria menos os meus machucados.
Pediria ao Deus mais lembranças para o futuro,
Já que parte do que fui e fiz, esqueci.
Mas jamais esquecerei do olhar apaixonado pela professora de francês,
Nunc a esquecerei quantas vezes escrevi “eu te amo” com os dedos dos pés
Correndo pela areia da praia.
Dos muros que pulei para roubar frutas dos pomares vizinhos,
Dos próprios vizinhos, que faziam de conta não ver.
Se me lembrasse de tudo, contaria aos meus futuros herdeiros
Que seu avô escrevia poesias, que viajava por tantos mundos,
Sem nunca ter tirado os pés de casa.
Eu diria que meus irmãos, meus irmãos, de todos os domingos,
Dividindo pratos, roupas e histórias,
Memórias das cicatrizes, felizes cicatrizes,
Resultados das artes faceiras e pedradas certeiras,
Besteiras que a gente faz sem peso na consciência.
Sem medo das coisas, nem de mentir para fugir do castigo,
E continuar no abrigo das asas maternas.
Mas a gente cresce, e muita coisa a gente esquece,
Mesmo fazendo força
A memória escapa como os ventos
Que nos arrastaram por tantos carnavais.
Nada mais triste do que não lembrar
Que a felicidade existe
Para quem nunca deixou de ser criança,
Coisa que adultos não conseguem entender.
Nunca deixaria de ser criança.
A ciranda do tempo brinca com a vida, plena e maravilhosa
Mente
Teria quebrado mais vidraças com a bola de capão,
Continuaria sentindo o cheiro de terra no vão dos paralelepípedos,
Iria à igreja, mesmo contrariado, pelas santas mãos de minha mãe,
Choraria menos os meus machucados.
Pediria ao Deus mais lembranças para o futuro,
Já que parte do que fui e fiz, esqueci.
Mas jamais esquecerei do olhar apaixonado pela professora de francês,
Nunc a esquecerei quantas vezes escrevi “eu te amo” com os dedos dos pés
Correndo pela areia da praia.
Dos muros que pulei para roubar frutas dos pomares vizinhos,
Dos próprios vizinhos, que faziam de conta não ver.
Se me lembrasse de tudo, contaria aos meus futuros herdeiros
Que seu avô escrevia poesias, que viajava por tantos mundos,
Sem nunca ter tirado os pés de casa.
Eu diria que meus irmãos, meus irmãos, de todos os domingos,
Dividindo pratos, roupas e histórias,
Memórias das cicatrizes, felizes cicatrizes,
Resultados das artes faceiras e pedradas certeiras,
Besteiras que a gente faz sem peso na consciência.
Sem medo das coisas, nem de mentir para fugir do castigo,
E continuar no abrigo das asas maternas.
Mas a gente cresce, e muita coisa a gente esquece,
Mesmo fazendo força
A memória escapa como os ventos
Que nos arrastaram por tantos carnavais.
Nada mais triste do que não lembrar
Que a felicidade existe
Para quem nunca deixou de ser criança,
Coisa que adultos não conseguem entender.