P R E C I O S I D A D E S (22)

O DEUS INTERIOR

Podíamos gozar de tudo, Helena,

Sem nos darmos à irredutível pena

De entrarmos, cegos, na razão das cousas.

Que queres tu no teu trabalho insano,

Que queres tu também, que não repousas,

Dando voltas ao mundo, irado oceano ?

O que tudo saber nos leva, e arrasta,

E não deixa ninguém quieto em seu leito

Dormir profundamente satisfeito,

Dentro da paz da natureza vasta...

Esse desejo enfim que a vida gasta

É o homem ter sentido no peito

Sem que lhe reste nunca o ultriz direito

De dizer ao mistério: É tempo... Basta !...