O SOM DAS ARVORES.
O SOM DA ARVORES.
Socorro! Ouça o grito das árvores,
o vento vem, sequioso vento,
tira-lhe as vestes, à mostra
toda intimidade, o corpo nu
treme sob a boca da brisa,
sofre sobre a diversidade
dos olhares,
o solo se reveste de linhos e sedas,
esta despida, completamente
vulnerável , olho teu corpo,
suntuoso caminho por onde
meus olhos percorrem,
toco seu intimo com minha
sensibilidade, excito-me com
tuas entranhas,
o céu se quadricula sobre sua
ramagem,
por perto o outono me sapeia ,
ele despe as arvores para
gozar da sua nudez,
eu e o outono não costuramos
na mesma maquina,
somos opostos,
temos volúpias diferentes,
gosto das coisas mais sutis,
ela não,é uma depravada estação
que se vale do poder para
invadir intimidades,
sou um conquistador, que admira,
que toca, alisa ,só para depois
cair em graça,
olho esta árvore ela se contrai
foge dos meus olhos,
finjo não vê-la,
respeito seu jeito retraído,
voltarei em outra oportunidade,
quando o outono cansar de tê-la,
talvez na primavera,
eu e a primavera somos
carnes e ossos,
costuramos na mesma maquina,
bebemos no mesmo copo,
falamos a mesma língua,
somos colecionadores de beleza.