O SOM DAS ARVORES.

O SOM DA ARVORES.

Socorro! Ouça o grito das árvores,

o vento vem, sequioso vento,

tira-lhe as vestes, à mostra

toda intimidade, o corpo nu

treme sob a boca da brisa,

sofre sobre a diversidade

dos olhares,

o solo se reveste de linhos e sedas,

esta despida, completamente

vulnerável , olho teu corpo,

suntuoso caminho por onde

meus olhos percorrem,

toco seu intimo com minha

sensibilidade, excito-me com

tuas entranhas,

o céu se quadricula sobre sua

ramagem,

por perto o outono me sapeia ,

ele despe as arvores para

gozar da sua nudez,

eu e o outono não costuramos

na mesma maquina,

somos opostos,

temos volúpias diferentes,

gosto das coisas mais sutis,

ela não,é uma depravada estação

que se vale do poder para

invadir intimidades,

sou um conquistador, que admira,

que toca, alisa ,só para depois

cair em graça,

olho esta árvore ela se contrai

foge dos meus olhos,

finjo não vê-la,

respeito seu jeito retraído,

voltarei em outra oportunidade,

quando o outono cansar de tê-la,

talvez na primavera,

eu e a primavera somos

carnes e ossos,

costuramos na mesma maquina,

bebemos no mesmo copo,

falamos a mesma língua,

somos colecionadores de beleza.

Divino Ângelo Rola
Enviado por Divino Ângelo Rola em 26/03/2016
Reeditado em 28/03/2016
Código do texto: T5585492
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