Eu remexo a poesia escondida sob este lençol puído,
quantos corpos aqui deitaram suas vidas
quantas mulheres se despiram em gozo e fantasia
quantas pernas, tantos braços,
e olhos
que vem de baixo  e de cima
que se encaixam com esta vida
Suspiros sob o lençol puído e essa poesia cansada
sem saber se de linho ou algodão
por onde as mãos escorregam
e contam velhas histórias
uma cama e um lençol juntam poeira e memória.
Sob o lençol puído dos amantes
o que foi construído se ergue  se levanta
querendo sair do ar e pisar o chão
banhar-se ao despertar de uma noite suja
tantos pecados tantos prazeres
dizeres indizíveis de tradução
coração prostrado sob o lençol puído de traição
Sob o lençol puído que um dia foi branco
cenas ocultas, muitos segredos,
os medos do dia e da noite
o abraço protetor do braço forte
a lua o sol a morte
MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 25/03/2016
Reeditado em 25/03/2016
Código do texto: T5585005
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