Vai

Vai

Não se prenda

Vai

Não se ofenda

Vai

Já está aberta a fenda

Vai

Não duvide

Não há doença que o vincule

Não se obrigue

Não há mal que não se cure

Nem essa do coração

Pode me dizer não

Não preciso de compaixão

Eu sei meu lugar

Eu sei esperar

Me acalmar, me libertar e me curar

Me curar do carinho que faltou

Do beijo e do braço que não abraçou

Sei me curar

Do olhar desviado

Do respeito quebrado

Do laço desfeito

Do pouco, do incompetente, do imperfeito.

Sei cuidar

Do rastro que ficou

Do pedaço que sobrou

Da vida que deixou

Não tem corrente

Não se lamente

Esteja consciente

Vá em paz

Com seu amor fugaz

Frágil e incapaz

De amar um pouco mais

Que só o que é perfeito.

Vai embora

Pode ir agora

A vida lá fora

Espera muito de você

E também de mim.

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