Marlene

Frêmito de risos e guizos

de uma estupidez de fino vinho tinto

em simples taça de vidro.

Se sem corpo para sexo se na cruz,

extravio-me para um início.

Volto de bruços.

A língua em estame.

Um nada retilíneo e famélico,

assim tu me vês em minha glória pífia.

Nunca denso e poético.

Entre nós, uma imunda represa.

Entre mim e meu eu, fatos inatos descalços.

Que tu me sabotarias

e me negarias também,

disso eu já sabia.

Mas é tão forte o teu olhar

que atravesso porta e janela.

É tão marcante o teu perfume,

que um borrifo estende-se por toda uma vida.

(le baiser du dragon em teu travesseiro,

que te roubo para poder dormir sentindo-te o cheiro)

Jardel Rodrigues Ferreira
Enviado por Jardel Rodrigues Ferreira em 25/03/2016
Reeditado em 12/04/2016
Código do texto: T5584277
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