Marlene
Frêmito de risos e guizos
de uma estupidez de fino vinho tinto
em simples taça de vidro.
Se sem corpo para sexo se na cruz,
extravio-me para um início.
Volto de bruços.
A língua em estame.
Um nada retilíneo e famélico,
assim tu me vês em minha glória pífia.
Nunca denso e poético.
Entre nós, uma imunda represa.
Entre mim e meu eu, fatos inatos descalços.
Que tu me sabotarias
e me negarias também,
disso eu já sabia.
Mas é tão forte o teu olhar
que atravesso porta e janela.
É tão marcante o teu perfume,
que um borrifo estende-se por toda uma vida.
(le baiser du dragon em teu travesseiro,
que te roubo para poder dormir sentindo-te o cheiro)