ESCONDERIJO

No céu da minha boca

há palavras-estrelas,

lavras perdidas,

rosas-loucas.

Inscritas feito tatuagens,

indeléveis pensamentos,

restos de amaragens...

e não são poucas.

Ficarão lá incrustadas,

não ditas ou escritas,

alvoradas não cantadas,

vozes aflitas.

À tua língua atrevida,

por mais que percorra

o céu onde estão gravadas,

jamais serão reveladas.

Definitivas, são só minhas.

São só meus os segredos

e os medos que ocultam

da tua boca, entrelinhas.

Comigo ficarão, guardadas de ti

e nunca desvelarão o que senti.

Pensarás que me soubeste inteira

mas não pudeste ler a mulher verdadeira.