Postal de sentidos
Vislumbro nos
círculos de tuas
duas íris, profundamente,
umas certas lonjuras
levemente
emanadas
de lembranças turvas
do encontro do rio
Murubira com o Pratiquara:
esquina de rios – duas curvas –
a desaguarem suas águas
em um leito repleto
de mágoas enlutadas...
Ouço e sinto os pingos
do chuvisco
espocando suas gotas geladas
na chapa do piso líquido
destas largas artérias
ramificando-se
e levando sinergia
por toda a anatomia
desta Ilha,
espargindo
pela atmosfera
ares aromatizados
pela mata ciliar
brotada logo acima do tijuco
que assoalha estas águas cor de cobre...
E, assim, um rio
de sentimentos e de sentidos amalgamados
dilui-me e deglute-me
este universo
circundante, em doce entorpecimento...
Tudo isso é efeito
do que reflete
dos teus
olhos
para os meus
desse postal antigo
que tu tens nas tuas mãos.