SAMAEL 1

SAMAEL 1

As meretrizes são convidadas

ilustres musas de todo poema

das fontes sob o luar

jorrando sobre a boca

das ninfas dançando

sem roupa sendo vulgar

eu quero o vulgar sorrindo

podem passar meninos

que cospem fogo

trilhas de agoura

sonora fibra dos anjos

querem o puro intocado

pra matar a sede

vão lamentar

Encarnus devora espíritos

criados pra serem

covardes perante a morte

tão linda noite de olhos

resfria corpos

no escuro cadavérico

onde o colérico ainda em vida

chora lágrimas estranhas

há uma versão do espaço

ele sente o charme

que chama sua vontade

de domínio

ao fascínio do outro

por extenso que louco

a pouco sabia da eternidade

agora conta histórias

da sua idade

perde-se na inércia música

de um santo que come sementes

n’outro que precisa

de doentes

pra dormir com repulsa

Encarnus expulsa

esta solidão inventada

esta mácula jogada

sobre os vícios de penitências

de quem acusa

eles são as reticências

o caso do renome dado

as aparências

pra destinar figuras sem corpos

esperando um lugar

um novo paraíso

vales montanhas colinas

cidades de vermes

escondidos

nu concreto brusco

amaldiçoado

pra ser “capsula”

devolvam o roubo do éden

no éden não há vestígios

das mágoas restantes

elas pertencem

aos livros dos magos falantes

“eles numeraram as lápides

com punhos de ferro

tinham certezas

que toda beleza

possa nascer sentida”!