Foi a crise

O que esperava de mim

Analogia, fantasia?

Quem diria, eu me perdi

E não é você

Quem vai me achar

O que pensar?

Amigo, inimigo

Abrigo, um sentido

Quando se está perdido

Na verdade tanto faz

Eu não sei mais

Nem nunca soube

Nunca coube

Não mate, não roube

Na verdade, não há verdade

É o que dizem nas cidades

Há maldade na mocidade?

Quem viu, quem sabe?

Pode vir a haver falsidade

Mais cedo ou mais tarde

Que beldade

Mas sem utilidade

O corpo sadio e esguio

Mas mente inteligente?

Nunca se viu ou ouviu

Abre a boca e falam “shiu”

Passa na rua e é “Psiu”

Saiu vestida assim, então pediu

O que importa é o que dizem

“Aqui é Brasil”

A inspiração me esvaiu

Me deixou, me escapuliu

Tudo bem, não faz mal

Amanhã talvez ela volte

Quem sabe, isso é normal

Anormal talvez seja

Esse povo sem clareza

Incerteza, na dureza

Ofende todo mundo

Mas respeita Vossa Alteza

Realeza, Rei dos reis

O coração fala,

Mas a boca se cala

Na vala, no botequim

Por acaso alguém tem

Um trocado pra mim?

É que assim

Não sei se você sabe

Mas há um lugar chamado céu

E lá só cabe

Quem pagou o aluguel

Mausoléu, mais um réu

Será julgado e sentenciado

Não por suas ações ou seu passado

Mas o quanto financiou

Com o seu legado

E de fato estou cansado

Enjoado e enojado

Do poder e astúcia na mão

De quem rouba o povo

E diz não ser ladrão

Deixou o povo sem pão

Conta na Suíça

Usou de sua malícia

Enganou até a policia

Fez de tudo, virou notícia

Mas não acharam pista

Ou o paradeiro do sujeito

Amanhã volta pra ser reeleito

Mas ladrão de galinha

Recebe até tiro no peito

Não sei não

Onde isso vai parar?

Talvez quando não tiver

Mais de onde ou quem tirar

Ai vem pra se desculpar

E então explicar

“Foi a crise, meu irmão

Você não assiste a televisão?“

No noticiário desde ontem:

"Quem roubou foi seu João”

Bode expiatório,

Usado de rescisório

Desculpa astuta

De alguém sem conduta

Que fugiu de avião