A rua não era de morte

Dona Bela varria a calçada das cinco,

Poeira da lida que aguardava o sol esfriar.

Fez sombreiro da mão na testa,

Para ver o mundeiro de gente

Que vinha no inicio da rua.

-Diacho de rua comprida!

Via tudo miúdo.

Lá vinha o cortejo de deitar o corpo.

O preto plangente imortal

Sem culpa de embelezar dor,

Sobressaía ás lamuriosas vivalmas

Nos crisântemos regados por lágrimas

Nostálgicas qual dia de adeus .

Dona Bela em sinal da cruz, pungente.

-Que Deus dê boa ida!

A chaleira apitou aroma.

Hora do café e prosa.

A vida de cá tem fome.

A rua do cemitério não era benquista,

Banhada de choro,

Mas não era rua de morte.

Por Débora Peixoto

Débora Peixoto
Enviado por Débora Peixoto em 22/03/2016
Código do texto: T5581909
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