A rua não era de morte
Dona Bela varria a calçada das cinco,
Poeira da lida que aguardava o sol esfriar.
Fez sombreiro da mão na testa,
Para ver o mundeiro de gente
Que vinha no inicio da rua.
-Diacho de rua comprida!
Via tudo miúdo.
Lá vinha o cortejo de deitar o corpo.
O preto plangente imortal
Sem culpa de embelezar dor,
Sobressaía ás lamuriosas vivalmas
Nos crisântemos regados por lágrimas
Nostálgicas qual dia de adeus .
Dona Bela em sinal da cruz, pungente.
-Que Deus dê boa ida!
A chaleira apitou aroma.
Hora do café e prosa.
A vida de cá tem fome.
A rua do cemitério não era benquista,
Banhada de choro,
Mas não era rua de morte.
Por Débora Peixoto