Quando o amor se vai

duas ou três palavras

e tudo foi dito

dentre tantas lembranças esquecidas

na voz que fica inaudível e nua

quando o amor se vai

e o desconsolo já não é suficiente

para carregar os dias pela ausência

pela fuga pausada e lenta

ou pelo medo

do tempo que acorda como um degredo

cada dia mais cedo

cada dia mais um nada

constante como um infinito e indizível segredo

que ficou nos olhos olhando a saudade

e a distância espessa e infrangível

repleta de cantigas extenuadas

e de abraços tatuados pelo corpo

até que a noite caia junto com a estrela cadente

e a escuridão diga nostalgias

que inquietam os silêncios

intrínsecos crepúsculos dentro da gente

cingidos de inelutáveis eternamente