NA ESTRADA DE DAMASCO * Pó
A dúvida instalou-se
e o seu peso opressivo
consigo o fel me trouxe
de um perpétuo cativo.
Ser não-ser a questão
que Hamlet angustiou
e é hoje esta prisão
a que me condenou.
Com a grilheta infame,
em chaga os tornozelos,
esta deriva arrasto
até que o fim me chame
e mate os pesadelos
do pó que quis ser astro.
(In "vivo e desnudo",Editorial Escritor,Lda.,1996,Lisboa.)