A lei da compensação,
A ação depois do fato,
O ato após o ato,
O que foi pensado
E executado.
 
Nada na vida se move
Sem que tenha algum sentido.
Nada na vida se morre,
Sem ter algo vivido.
 
Começar por começar
É somente ter um princípio
Sem saber o fim.
 
Sinto que a poesia esconde o medo,
A poesia escolhe o dedo,
A poesia é o arremedo
Da sorte.
 
Em meus olhos de tantos anos
Tudo se transforma em retratos,
Tantos trapos juntados,
Tanto amor em pedaços.
 
Converso longamente com o que sou,
Mas o diálogo se perde no que não sou,
Mas penso ser.
 
Tanto odeio quando amo,
Eu não sei nada sobre lágrimas.
Arranco a própria pele com os dentes,
Sorriso vermelho...
 
Passeio olhando árvores velhas
Que não dão mais frutos.
Estão cansadas, exauridas,
Tanta vida dedicada aos outros...
 
Nada se aproxima do agora,
Pois tudo o que me lembro é de ontem,
Outrora, longe, distante,
Do que penso nesta hora.
 
Amei, como amam os elefantes,
Apenas uma, delicadamente construída
Para ser a mulher da minha vida,
Vento errante.
Onde estão os lagos azuis?
Os olhos verdes mesclados
Na imensidão de um mundo
Onde brilham as estrelas?
 
A lei da compensação.
 
Embora ainda machuque,
Foi bom.
Assim a sede matada,
Assim o pão comido.
 
Hora, oras, o que são
As luzes dessa constelação?
 
Vivo sob a alegação
Que ainda respiro,
Um dia eu piro.
 
Nessa osmose retificada
Da saliva gasta
Em desnecessários adjetivos.
 
O que importa é estar,
Já que ser é para quem sabe sofrer
Sem sentir, sem mentir,
Acatando as leis do macabro destino,
Dilúvio de rimas, neste momento.
 
Depois das vírgulas dividindo o tempo,
Distraindo os palavrões,
Criando a válvula
Que expele o ar dos pulmões.
 
Nunca caminhe por onde não enxergue.
Seus passos se perderão na noite,
Como o meu amor se perdeu na vida.
 
Não me arrependo do socar o destino,
Quis mesmo lhe quebrar os dentes.
Não provoque o grito
Se não quiser ferir os ouvidos.
 
Ventos... quando sopram...
O que levam,
Nunca volta.
 
 
Lei da Compensação.
Os olhos choram,
Mas colhemos sal,
E o sal é alimento.
 
Comprometimento,
A Lua aparece todas as noites,
Mesmo quando nova,
Desperta a curiosidade dos amantes.
 
O brilho dos diamantes,
A febre terçã,
Os instantes insanos,
O amanhã.
 
Não teremos café na mesa,
O pano quadriculado,
O pires dourado,
A garrafa que não perde o calor,
O amor
De chinelos calçados.
 
Primeiro momento da vida,
Quando o corpo expira,
E experimenta.
 
A lenta evolução
Da involução,
Quando se aprende
Que os adultos,
Sabem de nada, não.
 
As mãos espalmadas
Sobre corrimãos de madeira,
A primeira impressão
Que subir
Leva para o alto.
 
Nada se sobrepõe ao fato
Que arrancar as portas das casas
Facilitará o contato
Com outros corpos.
 
Não estão mortos
Os que ainda caminham.
Os átomos se divertem
Explodindo almas.
 
E no desenrolar do novelo,
No último capitulo da novela,
Ninguém sabe
Qual será o final.
MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 19/03/2016
Código do texto: T5578874
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.