NO TEOREMA DE CRESTUS

NO TEOREMA DE CRESTUS

Sábado era o ultimo dia

Jesus não andava

no domingo

se quer ouvia-se sermões

além dos corvos

da capela precisando

da noite como abrigo

dias versados

de tédio e rancor

cuspiam sangue

pelas línguas malditas

falas do encanto

tudo parecia perfeito

ele era feito

de áurea temerosa

o olhar dos francos

que já não existiam mais

queria paz pelo amor

do que disse

hoje vive nos dias

feitos pra dormirem

cria-se a vocação

do mesmo tempero

pra invocação

do mesmo desespero

pra nunca mais irem

Jesus andava calado

por quarenta dias

quem sabe não mais

do que poucos dias

sem ver espelhos

o louco profeta

dita regras pra encenar

seu martírio

o filho da terra

possui a verdade

ela não invade

quem não tem inicio

das agonias do mundo

velando corpos a

sua volta

sabe quando volta

tem na certeza

uma franqueza salutar

alma castidade

na cativa inocência

de um manto sobre

todo absurdo

Jesus não calou-se

negou ser surdo

tem seus séquitos hoje

tão idolatras do pobre

conceito

de inventar mundos...