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As palavras não fazem aniversário,

se disserem o contrário desacredite

Mais valem as palavras que não envelhecem,

sem começo nem fim,

sem dia certo

Celebrar o fluxo divino do Verbo,

a língua, única coisa santa,

a mais imaculadíssima que conheço,

é deixar a palavra nascer ao pé do ouvido

Às vezes, ouço uma música bonita,

dolorizadinha ela vai molhando a seara

Tudo que nasce, cresce

É mais raro que nasça poesia sem desbaste

No fim das contas o que desbata sou eu

A poesia apara-me as arestas

penteia as ramas de mim, eu que nem sei...

Quando me dou conta

estou encarando um textinho

no fundo branco

e o que sinto é amor, mesmo se estiver triste

O amor de poema é fininho; parece que trisquei num anjo

quando as palavras vem assim

Nem sequer penso em metáforas

é tudo natural

Tenho certeza:

a palavra vem da Origem

Hoje me prostro, também declaro

com os olhos fechados:

Correspondo a este amor do Verbo,

pois que dá palavra procedem meus

abismos,

essa minha humanidade louca.

O meu querer que não cessa;

bem querer.

Fernando Béca
Enviado por Fernando Béca em 14/03/2016
Reeditado em 15/03/2016
Código do texto: T5573926
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