A VELHA SECA NORDESTINA
– Ó, seca, nossa seca de repetições determinísticas
nas linhas senoidais de duas curvas comportadas,
conhecemos tuas verdades e tuas características,
mas continuamos sendo pessoas tão maltratadas!
A natureza se escondendo com medo da seca forte,
revela-nos a careta da latência e a face do sofrer...
sofrer por esperar chover no sertão e matar a morte...
a morte dos bichos e do cidadão que só quer viver.
Poderosos que surrupiaram nossa bendita solução,
sempre negada pelo cinismo de elites dominantes,
legaram-nos tal perversa falta de água no sertão.
Um rio de água corre nas profundezas dessa terra
e o Velho Chico pode acabar o êxodo de retirantes,
se políticos virem os gritos dessa gente que berra.
Salvador, 2006.
Poema publicado na obra do autor Desabafo em versos (2006, p. 30).