A VELHA SECA NORDESTINA

– Ó, seca, nossa seca de repetições determinísticas

nas linhas senoidais de duas curvas comportadas,

conhecemos tuas verdades e tuas características,

mas continuamos sendo pessoas tão maltratadas!

A natureza se escondendo com medo da seca forte,

revela-nos a careta da latência e a face do sofrer...

sofrer por esperar chover no sertão e matar a morte...

a morte dos bichos e do cidadão que só quer viver.

Poderosos que surrupiaram nossa bendita solução,

sempre negada pelo cinismo de elites dominantes,

legaram-nos tal perversa falta de água no sertão.

Um rio de água corre nas profundezas dessa terra

e o Velho Chico pode acabar o êxodo de retirantes,

se políticos virem os gritos dessa gente que berra.

Salvador, 2006.

Poema publicado na obra do autor Desabafo em versos (2006, p. 30).

Oswaldo Francisco Martins
Enviado por Oswaldo Francisco Martins em 12/03/2016
Reeditado em 12/03/2016
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