Mundoteca
A gente é como uma mundoteca ambulante
Jogando as coisas pra dentro, pouca exposição
Só vai ter um visitante, e pro resto do mundo
Muita exposição da exposição, muita coisa guardada
E vai se captando pelos olhos de combate
Pelos ouvidos, grandes redes!
A língua estimula, mais coisa sempre chega!
E vai catalogando na mundoteca da cabeça
Onde o acervo da tristeza logo em frente se encontra
Passando pela rigidez das estantes e dos livros pesados
Na seção volumosa da desconfiança e descrença
A intolerância não tem seção, muito menos estante
Mas tem um livro em branco grosso, capa dura, volumoso
Bem a frente da porta, de costas pras janelas
Sem dúvida o primeiro a chamar atenção, o mais interessante
A seção do medo, tem livros famosos, e algumas raridades
A seção da justiça, tem grandes lançamentos,
Com algumas rasuras, muitas notas de rodapé
Tem a seção do tédio, tem coisa que chega obrigada a chegar
Mas o acervo definitivamente não necessitava
Tanta coisa nunca lida, tanta leitura de orelha...
Tantas imagens, tantas obras de cheiro e tato
Tanta música, bastante música, alto baixo
Quase todo o sempre, música definitivamente corre
Na seção do prazer, junto com outras coisas de carne
Coisas amargas a se beber, seção bagunçada
Tudo fora do lugar, mas tudo em ordem por lá
Merecia sempre sim, mais espaço a seção do prazer
Tanto resumo de tudo, que prolonga tudo, ao fundo
Mais e mais estantes e seções, bem que pois vendo
Lá no bem fundo, a estante da esperança, ultima seção
Bem no fundo do corredor, quase nunca visitada
Mas as vezes chega gente no recinto,
Pra consultar a estante isolada, abre a janela em frente
Desempoeira os clássicos, vai firme na leitura
As seções da dúvida, todas prescendentes
Observam e reluzem, mais livros chegam
Mais velho fica o dono daquela cabeça de mundoteca