Ampulheta

Fogem-me os anos

Foge-me a razão,

Fogem-me as palavras,

Foge-me a inspiração,

Amargura-se minha poesia,

Sem sonetos todos os dias,

Perdem-se as musas,

Lembranças, difusas

Onde está o discernimento?

Queimam-se terminais,

Apagam-se certos momentos,

Não monto mais abstrações,

Hiatos aparecem na biografia,

Perdem-se informações todos os dias

Esvaindo-se, os anais, pelos dedos da mão

O que o tempo está fazendo comigo?

Me esquecerei de todos amigos?

Então, vazio, eu me tranco,

Vendo o tempo sorrateiro

Levar meu mundo inteiro

Fazer de mim uma folha em branco

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 11/03/2016
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